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Opinião Pacífica #8 - Honra ou Sucesso?



Olá, caros leitores do Wrestling Noticias. O meu nome é Marco Paz e sejam bem vindos a mais um Opinião Pacífica.

2017 tem sido um ano de emergência para o mundo do wrestling profissional. Um ano de emergência da popularidade do wrestling, um ano de emergência da qualidade, um ano de emergência nas alternativas de conteúdos. E, se existe companhia que cresceu em 2017, essa foi a Ring Of Honor.

A companhia obteve os melhores números da sua história este ano. Quer seja a nível de audiências, a nível de vendas de merchandising, a nível de exposição… infelizmente, este período que se traduz no período de maior popularidade na história da companhia, acaba por coincidir com um período de menor qualidade no que realmente, falando enquanto fã, importa. O wrestling.



Quer a nível de qualidade em ringue, quer a nível de storylines, este foi, provavelmente, um dos, senão mesmo o ano de menor qualidade na história da companhia. Se retirarmos a caminhada do de Christopher Daniels para conquistar o título da companhia e o combate do título (e, eventualmente, mais um par de combates), não me recordo de momentos de grande qualidade no ano da companhia, algo incomum na companhia que sempre nos habitou por a sua qualidade de excelência.

Existem muitos factores para que isto seja uma realidade. Se por um lado, podemos afirmar que ter um dos piores bookers da actualidade, ajude bastante para que o momento da companhia não seja dos melhores, a verdade é que a companhia levou uma razia de talentos no último 1 ou 2 anos.

Seja porque abandonaram a companhia para ir para a WWE, como é os casos de Donavan Dijak, Lio Rush, Cedric Alexander, Adam Cole, Kyle O’Reilly, Roderick Strong ou Bobby Fish, ou simplesmente porque estavam descontentes e saíram da companhia para terem mais liberdade nas indys, como aconteceu com ACH, Keith Lee, Matt Sydal, Michael Elgin ou Mike Bennett, a verdade é que a companhia sofreu grandes percas a todos os níveis, quer fossem talentos estabelecidos, talentos para o futuro, main eventers, mid carders ou até low carders, a estrutura base da companhia foi abalada forte e feio nos últimos anos.



Ora, podemos afirmar que a “culpa” disto é da WWE, que anda a escoar por completo as companhias independentes e a fazer acumulação de talentos, mas a verdade é que, apesar de também ser um fator, não é, de todo, o mais importante. Todos nós vimos companhias como a EVOLVE, PWG, AAW, PROGRESS e outras que, apesar de toda a razia que também foram afectadas, conseguiram sempre construir novos talentos, substituir os que partiram e criar novas estrelas.

Por cada Roderick Strong ou Drew Galloway que partiram, estava um Matt Riddle ou um Keith Lee pronto para subir. Para cada Zack Sabre Jr., Will Ospreay ou Marty Scurll que, cada vez menos, marcam presença no circuito inglês, existiu um Travis Banks, um Pete Dunne ou um Chris Brooks pronto a subir e a afirmar-se como uma das novas caras.

Até a TNA percebeu que, se quer manter-se fresca e, de alguma forma, atractiva, tem que solidificar e ir buscar novos talentos. Os oVe e Eli Drake são exemplos disso.

Com isto não quero dizer que a ROH não tenha tentado fazer o mesmo. Temos novas caras, como Will Ospreay, Flip Gordon, Dragon Lee, Marty Scurll, Punisher Martinez, a aparecerem e a afirmarem-se como membros valiosos do Roster. Hell, o campeão da companhia é o Cody Rhodes. O problema é que eles só perceberam que tinham que estabelecer e começar a consolidar novos talentos agora, depois de se verem completamente à rasca. Os números enganam e muito. Apesar de a companhia estar a passar uma otima fase de popularidade, a ROH está a passar uma espécie de crise de identidade.



Eu consigo ver, na ROH, três companhias ao mesmo tempo. Ou, pelo menos, a tentativa de ser uma delas. Por um lado, vejo a pseudo-WWE que afirmavam que a TNA queria ser há uns anos. Histórias, por vezes, manhosas, decisões duvidosas, apostas, nem sempre, nos melhores wrestlers, mas nos melhores animadores, são sinais de que a companhia quer, indubitavelmente, apontar o seu produto para o mainstream e catapultar para a popularidade o mais que possível.

De outro lado, vemos umas réstias da antiga ROH. Aquela companhia que não tinha medo de arriscar, de fazer histórias um pouco mais chocantes, que preocupa-se com a qualidade do produto que apresenta e que, deves em quando, ainda toma boas decisões. O booking da feud entre os Briscoes e o Bully Ray reflecte isso mesmo.

Depois, num plano mais abstraído, ainda vemos a ROH a tentar ser aquilo que a NJPW já é, uma alternativa forte à WWE. A única diferença é que, a NJPW realmente é uma alternativa À companhia de Vince, sendo é, sem margens para duvidas, a segunda maior companhia do mundo, a crescer a bons olhos, todos os dias, que apresenta um produto imensamente diferente e que, cada vez mais, ainda que pequeno, apresenta-se como um perigo para a WWE.

A ROH não é nada disso, mas tenta ser, ao jogar certos joguinhos psicológicos, umas picardias aqui e ali, aproveitando imenso a popularidade do Bullet Club para isso.



Olhemos então para o main event do Final Battle. De um lado temos o “American Nighmare”, “The Grandson of a Plummer”, o campeão mundial da ROH, Cody. Do outro lado, temos o "Party PeacockW, o "Charismatic Milkshake", Dalton Castle. Ora, se formos comparar este main event com main events passados, notamos desde logo uma certa... quebra. 

Com isto não estou a dizer que ambos os lutadores não são capazes de proporcionar um bom combate. Apesar de a run de Cody nas indys, a nivel de qualidade de matchs, não está a ser, nem pouco mais ou menos, aquilo que seria de esperar e, Dalton, não tem no seu reportório combates que possam indicar que este seja capaz de proporcionar clássicos, apesar de termos que reconhecer que existe talento dentro do homem. 

O único problema é mesmo que este main event peca em relação a main events do passado. E mesmo a nível de booking, é um problema. Se existe altura para puxar o gatilho com o Castle, é agora. Mas a ROH depende demasiado de Cody como cara da companhia para estar a tirar-lhe o titulo já, numa altura em que este ainda não teve nenhuma história ou defesa significativa no seu reinado, era queimar estes cartuchos. Alem de que existe o combate entre Cody e Kota Ibushi pelo titulo da ROH no Wrestle Kingdom. 

Mas se não for agora, Dalton vai perder o hype que já vem perdendo aos poucos. Dalton tem sido das poucas coisas que a ROH tem sabido construir e este soube aproveitar os espaços que ficaram vagos no plantel, com todas as saídas,  elevando-se. Mas esse não é de todo, um ponto forte da ROH.

Quando existe um homem no plantel deles que, há anos que está pronto para o salto e a companhia simplesmente não sabe o que fazer com ele, demonstra o quão má é a companhia em gerenciar os seus talentos. Estou a falar claramente de Silas Young.


Silas é dos melhores talentos que a ROH tem, desde há anos. O homem que estava completamente on-fire depois da feud com Kevin Steen e, infelizmente, teve a lesão que teve, quando regressou, Delirious (o booker), em vez de o meter rumo ao main event ou a um programa de destaque, não, mete-o numa low-card feud com o Will Ferrara. Agora que o homem está novamente com algum hype, depois da feud com Jay Lethal, espero que saibam aproveitar isto e tenham coragem de por o TV Title nele. 

Ou, podemos ainda olhar para outro exemplo. Jonathan Gresham tem sido uma figura regular da companhia no ultimo ano. Aquele que é, na minha sincera opinião, um dos melhores wrestlers técnicos do mundo, capaz de matchs incríveis e de altíssimo nível, aquilo que a companhia necessita de momento, anda preso no low-card. 



Bem, este foi o Opinião Pacífica desta semana. O Final Battle, é hoje, por isso achei adequado fazer este artigo sobre a Ring Of Honor. Sim, sou um pouco critico da companhia pois esta era das melhores coisas quando comecei a ver wrestling independente, ou seja, há uns quatro ou cinco anos.E ver o estado em que a companhia está neste momento, simplesmente deixa-me triste. Uma companhia tão emblemática e deu-nos coisas tão boas no passado, hoje em dia, é apenas uma miragem daquilo que foi.

Espero-vos aqui para a semana, por isso, não percam o próximo Opinião Pacífica, porque nós... TAMBÉM NÃO! PEACE! 
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